Nos últimos meses, alguns rumores vêm circulando entre técnicos, fóruns de TV por assinatura e redes sociais: a ideia de que a Claro TV via satélite estaria com os dias contados — mais precisamente até 2028.
Mas até que ponto essa especulação tem fundamento? Há mesmo chances reais da Claro desligar completamente seu serviço DTH (TV por satélite) nessa data?
A resposta direta é: não há nenhum indício técnico, regulatório ou comercial que confirme isso. Pelo contrário, os dados disponíveis sugerem que o serviço continuará operando além de 2028, mesmo com o avanço da TV por internet.
Vamos aos fatos:
📌 1. Infraestrutura satelital robusta e vida útil longa
A Claro opera com os satélites Star One C4 (lançado em 2015, vida útil estimada em 15 anos) e Star One D2 (lançado em 2021, vida útil estimada de 15–18 anos) na posição orbital de 70° W, a “hot position” brasileira, crítica para transmissão em Banda Ku e uso massivo/residencialO C4 tem capacidade de 48 transponders em Banda Ku e cobre todo o Brasil, parte da América Latina e até os EUA continentais
O D2 oferece transponders em Banda C, Ku, Ka e X, quadruplicando a capacidade em Banda C e sendo crucial para serviços de TI, empresas e TV
Esses ativos têm vida útil projetada até 2030 (C4) e até pelo menos 2036 (D2) — um desligamento em 2028 representaria um claro subuso dos investimentos pesados feitos pela Embratel/Claro
🏛️ 2. Trâmites regulatórios obrigatórios da Anatel
Segundo a Resolução SeAC 581/2012, para encerrar o serviço DTH, a empresa precisa:
Apresentar à Anatel pedido de extinção da outorga com 12 meses de antecedência,
Informar o prazo de encerramento,
Manter o serviço ativo, com suporte e opção de migração ou cancelamento para os clientes
A Anatel ainda não recebeu qualquer pedido formal por parte da Claro para encerrar sua operação via satélite — não há despachos, audiências ou autorizações públicas nesse sentido.
📊 3. Domínio e necessidade contínua de mercado
A Claro tem mais de 1,3 milhão de assinantes, com aproximadamente 300 mil ainda usando satélite, especialmente em áreas remotas e rurais onde não existe internet de banda larga confiável.
A manutenção desse serviço é estratégica — corta-lo implicaria:
Perda imediata desses clientes (e receita),
Risco regulatório (denúncias de discriminação de regiões sem acesso),
Queda de imagem da marca.
Além disso, a Claro detém uma grande infraestrutura de uplinks (Guaratiba, Tanguá, Manaus etc.) e mantém contratos com provedores de satélite (Star One) para uso contínuo — não faria sentido encerrar abruptamente sem resolver isso comercialmente
⚠️ 4. Descontinuar em 2028 seria inviável tecnicamente
Satélite ainda operante: 2028 estaria bem antes do fim da vida útil do C4 e D2. Transponders ativos: Incluem canais HD, grupos regionais, serviços extras — encerrá-los exigiria redefinir uplinks, realocar tráfego e interromper repentinamente.
Além disso, a missão D2 foi de alta importância (lançado em 2021 para expansão), e um desligamento precoce seria sinal de desperdício técnico e financeiro
💻 5. Convergência real, mas com coexistência
Embora a Claro invista no Claro TV+ via streaming (OTT/IPTV), o fim das vendas DTH em 2020 não é sinônimo de encerramento do serviço para clientes já existentes.
A operadora mantém ativa a grade de canais via satélite, como mostram as atualizações de transponders em abril de 2025 (novos canais HD e reorganização de pacotes)
O modelo híbrido (mantendo DTH e streaming) é a tendência global — Sky, DirecTV e outras seguem essa estratégia, não eliminando DTH antes do fim da vida útil dos satélites.
✅ Conclusão: especulação sem fundamento
Investimentos em satélites não amortizados — desligar em 2028 significaria perda de ativos e contratos.
Nenhum trâmite legal iniciado — não há pedidos à Anatel.
Mercado relevante ainda atendido via satélite, especialmente em áreas com baixíssima conectividade.
Tecnologia e infraestrutura em operação, com atualizações recentes para qualidade de serviço.
0 Comentários